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Mudanças climáticas – Qual é o meu papel?

Muito se discute sobre a linha tênue entre a influência dos comportamentos humanos e dos fatores naturais que estão ocasionando mudanças climáticas extremas. Verões mais quentes, chuvas mais volumosas e desastres naturais são as consequências mais observadas por nós nos últimos tempos. Seria apenas coincidência ou somos responsáveis por estes fatos?

Quando tratávamos sobre agentes modificadores da superfície terrestre, até pouco tempo atrás, estávamos nos referindo a agentes naturais, como vento, vulcões, chuvas e terremotos[1].

As últimas décadas foram repletas de alertas emitidos pelos cientistas a respeito do aumento da recorrência de eventos extremos, como consequência das mudanças climáticas globais[2].

Em paralelo é perceptível o aumento de estudos e publicações científicas que validam a tese de que as mudanças climáticas não são causadas apenas por variações naturais e que se intensificam através da interferência humana, ou seja, por atividades antrópicas, como a utilização de combustíveis fósseis, queimadas e desmatamentos, que corroboram para o efeito estufa.

De acordo com o último relatório lançado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas – IPCC a emissão de gases do efeito estufa (GEE) aumentaram nas últimas décadas, chegando ao patamar de 59 Gt de CO 2 em 2019, o que representa um aumento de 12% com relação a 2010. Ou seja, para que possamos atingir as metas definidas no Acordo de Paris, se torna mais urgente a redução das emissões atuais.

As consequências das mudanças climáticas não serão sentidas no futuro, já são uma ameaça atual. O aquecimento terrestre está causando a antecipação de eventos da primavera, atingindo a formação das folhas e migração de aves, ou seja, a distribuição das espécies da flora e fauna também está sendo alterada. Diversas estão lutando para sobreviver e correm o risco de serem extintas.

Para nós, humanos, talvez o impacto mais sentido atualmente seja a mudança no padrão de chuvas. Devido ao aumento de temperatura, a atmosfera, em resposta, ficará mais úmida, aumentando nas regiões tropicais o nível de precipitação. Este fato também aumenta a quantidade de insetos e doenças por eles provocados, assim como as provocadas pela veiculação das águas.[3]

A alteração nos níveis de precipitação contribui para o desequilíbrio dos períodos de chuva e seca afetando negativamente a produção agrícola. Por consequência dificulta o acesso aos alimentos de qualidade e aumenta a insegurança alimentar principalmente das pessoas mais vulneráveis.

Frente a esse cenário de evidências de que o aumento da temperatura global e recorrência de desastres naturais está relacionado a atividades antrópicas, ainda podemos nos apegar a esperança de dias melhores? A resposta é sim, já estamos sofrendo as consequências das mudanças climáticas, porém, o futuro ainda não está cravado e temos responsabilidade por cada fração de grau de aquecimento a ser
evitado. Reduzir as emissões de GEE é a chave da nossa mudança.

Como podemos no dia a dia participar e colaborar para a mudança no padrão de emissão dos GEE? A resposta é simples, adotando práticas sustentáveis. Algumas opções são utilizar meios de transporte coletivos ou ativos, como bicicleta, consumir alimentos de origem vegetal e o mais eficiente, participar da transição para a utilização majoritária de energia limpa e renovável, como a solar e a eólica.

Referências

[1] Demillo, R., Como Funciona o Clima, Quark, São Paulo, 1998

[2] IPCC. Summary por Policymakers. In: Climate Change 2022: impacts, adaptation and vulnerability. Contribution of Working Group II to the Sixth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change. Cambridge; New York: Cambridge University Press, 2022. p. 12.

[3] IPCC. Intergovernmental Panel on Climate Change. 2001. Climate Change 2001: Impacts, Adaptation and Vulnerability. Working Groupu II. TAR: Summary for Policymakers.